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domingo, 10 de julho de 2011

FONOAUDIOLOGIA NA TERCEIRA IDADE

Em interface com a Gerontologia, a Fonoaudiologia vem integrar à equipe multidisciplinar, como um profissional da saúde, buscando adotar conceitos e ações terapêuticas mais abrangentes de acordo com os avanços técnicos-científicos.
Através da prática clinica preventiva visa manter o idoso inserido em suas atividades do cotidiano, tais como, comunicação, alimentação, higiene, locomoção, cognitiva, familiar, social, comportamental e econômica. Através do diagnóstico, reabilitação proporcionando um envelhecimento de forma produtiva com melhora e/ou manter sua qualidade de vida.
Devemos estar muito bem informados no que diz respeito à nutrição dos idosos, aos processos demenciais e ao processo normal de envelhecimento.
Temos dois conceitos importantes para o trabalho com a terceira idade:
  • Senescência: envelhecimento fisiológico.
  • Senilidade: envelhecimento patológico.
O ser humano nasce em total dependência, em geral, dos seus pais e/ou dos familiares para poder se transformar-se em um indivíduo. Seu viver é uma longa caminhada, desde a infância, adolescência, maturescência até chegar  a senescência,que pode ser considerada a fase da existência em que ocorre e se percebe, com mais nitidez, o envelhecer da vida.
O envelhecimento, além  de ser considerado externo à pessoa, não tem uma data início definida e, por não ser bem vindo, não é comemorado como se faz com a infância , adolescência e idade adulta. Sem se dar conta o tempo voa, os cabelos embranquecem, a pele enruga e, de repente, o adulto se torna velho.
É possível comparar o indivíduo a uma árvore, que da semente, às vezes, tão pequena e frágil e que, ao ser colocada em um solo fértil, torna-se uma impotente e majestosa árvore secular. Suas raízes fincam-se na terra para lhe dar sustentação e nutrição, seu tronco e seus galhos com suas folhas, flores e, com freqüência, frutos proporcionam sombra, alimento, beleza e abrigo para uma grande variedade de pássaros, insetos. É então, pelas sementes dos seus frutos que, ao caírem ao chão, pelo vento e pela ação de determinados animais, ou até mesmo pelo próprio homem, elas poderão gerar novos exemplares dessa espécie vegetal. 
A natureza atua nesse ciclo de desenvolvimento e o mesmo ocorre com o homem, no envelhecer da sua vida, participando de uma variedade de papéis sociais, deixando todo o seu legado às futuras gerações.
Quando o indivíduo começa a envelhecer?
Existem muitas controvérsias, alguns autores consideram o início do envelhecer a partir dos 25 anos, idade na qual atinge o desenvolvimento máximo. Outros adotam 65 anos como sendo a idade legalmente considerada de início da velhice. Já outros autores sustentam a idéia de não rotular 65 anos como a idade do aparecimento dos sintomas da velhice.
A verdade é uma só, o momento do início, assim como a forma e a velocidade em que a velhice se instala dependera das características pessoais de cada indivíduo e/ou das influencias do meio em que vive.
A demanda da população idosa tem se mostrado cada vez mais significativa para o mercado fonoaudiológico. Por esta razão sentiu-se necessidade de conhecer mais sobre o processo do envelhecimento das funções vitais.
Mas como a fonoaudiologia pode contribuir para a terceira idade ?
Fonoaudiologia é a profissão da área da saúde que pesquisa, previne, e trata as alterações de audição, linguagem, voz e funções vitais como sucção, mastigação e deglutição.
A atuação fonoaudiológica envolve a aplicação de medidas de caráter amplo (imunizações, aconselhamento, planejamento familiar, etc.) dirigidas as doenças em seu aspecto global e implica também em medidas específicas, (orientações e aconselhamento), algumas a serem aplicadas antes mesmo que a doença ocorra e, outras, em qualquer estágio da evolução das patologias da comunicação.
O que mais evidencia no processo de envelhecimento são as alterações da comunicação. Essas mudanças interferem negativamente no idoso, uma vez que conduz a redução dos estímulos vitais, face a ausência do exercício do sistema comunicativo que propicia  a ação de múltiplos órgãos e sistemas, cuja a missão primordial não é a linguagem, mas que repercutem na compreensão e produção da linguagem, como também as dificuldades nesta área, segregam ainda mais o idoso, cristalizando o quadro de preconceito social existente, o que pode levar o idoso a uma vida inativa, isolada, impulsionando-o em direção à deterioração das condições psíquicas e físicas, não só pela redução das atividades físicas e intelectuais que este fato gera, como também pela solidão, ansiedade e deterioração da imagem pessoal, tudo decorrente da incapacidade ou dificuldade de se comunicar.
Podemos afirmar que a origem de muitos distúrbios da voz e da fala encontra-se na desarmonia do nosso sistema neurológico, físico, psicológico e social. A gagueira, a rouquidão, os vícios de pronúncia, os tremores na voz, a rigidez na articulação, a variabilidade da altura, do tom e timbre, os transtornos na ressonância, alterações na deglutição e etc, podem ser resultados de um funcionamento anormal de um ou de vários dos conjuntos dos sistemas mencionados.
Dai a necessidade de um pronto diagnóstico fonoaudiológico, a fim de que se possa dar o necessário encaminhamento, como também a responsabilidade do fonoaudiólogo de informar e sensibilizar a todos que oferecerão serviços a essa população, evitando assim maiores danos a saúde.
Patologias que podem surgir na terceira idade:

Presbifonia: envelhecimento da voz.
Embora o processo do envelhecimento seja progressivo e inevitável, existem grandes diferenças entre indivíduos na forma e extensão com que as alterações ocorrem. Diversas pesquisas demonstram que pessoas com a mesma idade cronológica exibem diferentes níveis de performance cognitiva, sensorial, motora e qualidade vocal, que dificulta a identificação da idade pelos ouvintes.
Considera-se como um período de máxima eficiência vocal dos 25 aos 40 anos, sendo que a partir dessa idade ocorre uma série de alterações estruturais na laringe. O início do envelhecimento vocal, seu desenvolvimento e o grau da deficiência vocal dependem de cada indivíduo, de sua saúde física e psicológica e de sua história de vida, além de fatores constitucionais, raciais, hereditários, alimentares, sociais e ambientais, incluindo aspectos de estilo de vida e atividades físicas, desta forma é possível a modificação do curso das alterações vocais do envelhecimento através de exercícios, boa nutrição e estilo de vida saudável, o que explica como alguns atores, cantores ou outros profissionais da voz atuante, as alterações da voz devido ao envelhecimento podem ser menos proeminentes ou mesmo não ocorrer.
Alterações respiratórias, tensões musculares, problemas de postura, podem gerar o mau uso do aparelho fonador, impedindo uma voz natural.
Prebiacusia - envelhecimento do aparelho auditivo.
O processo de envelhecimento que atinge a audição não é considerado patológico, mas sim uma perda natural de função. A otosclerose, por exemplo, é um processo de envelhecimento dos ossículos que formam o sistema auditivo, e que não leva a surdez, mas sim a uma perda parcial que se mantém estável, não tendendo a piorar, sendo uma alteração auditiva do tipo condutiva. Pode ser acompanhada de zumbido, o que em geral ocorre nos dois ouvidos, levando a uma piora devido ao estado emocional, ansiedade e nervosismo. 
A presbiacusia é uma das perdas que mais prejudica a capacidade de comunicação. A exposição a ruídos, estresse, uso de certos medicamentos e deficiências alimentares são alguns fatores da perda auditiva. A queixa típica do idoso com esse quadro é que escuta, mas não entende o que lhe foi dito. 
Avalia-se que 25% das pessoas de 65 a 75 anos sofrem de presbiacusia, neurosensorial bilateral nas altas freqüências. Este número sobe para 70 a   80% para os com mais de 75 anos. Por isso é de grande importância, detectar precocemente se esse idoso tem perda auditiva, para o uso do AASI, que vai lhe proporcionar uma melhor qualidade de vida.
pesquisadores japoneses, examinaram o vínculo entre a taxa de vitamina A no sangue e a prevalência da perda auditiva em idosos. Os resultados do estudo mostraram que níveis elevados de vitamina A e pró-vitamina A, estão associadas à menor prevalência da deficiência auditiva. Um bom motivo para começar a falar em prevenção de olho no prato.
Disfagia - dificuldade em engolir o alimento
As causas mais comuns são os problemas neurológicos como AVC, TCE, Parkinson, Mal de Alzheimer, miastenia gravis, distrofia muscular, ELA, PC, entre outros.
Distúrbios da moticidade oral:
São mudanças anatômicas e/ou funcionais do mecanismo oral que podem afetar diretamente a fala e outras funções, como mastigação e a deglutição. As causas mais comuns são ausência de dentes, problemas Periodentais, atrofia dos músculos mastigatórios, prótese mal ajustadas.
Através dessa resenha sobre o envelhecimento e as principais patologias que acometem a terceira idade, podemos ter uma ampla idéia da diversidade do trabalho da Fonoaudiologia Gerontológica, onde podemos oferecer condições de vida muito melhores aos idosos, prolongando assim, o tempo de maior qualidade de vida para estes pacientes.