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sexta-feira, 17 de junho de 2011

BILATERALIDADE DEVE SER UMA OPÇÃO

Apesar de cientificamente estabelecido para certos casos de surdez, o implante coclear bilateral ainda é pouco realizado no Brasil. A intervenção não pertence ao rol de procedimentos mínimos da ANS, como também não é coberto pelo SUS, ao contrário do implante unilateral. A criança pequena diagnosticada com perda neurossensorial profunda bilateral é a que mais se aproveita a bilateralidade. Além da melhora do reconhecimento da fala no ruído - importante para a aprendizagem, implantar o segundo lado permite o desenvolvimento normal das vias auditivas.
A cirurgia do implante bilateral é recente, sendo a primeira realizada no Brasil em 2007, no Hospital das Clínicas em São Paulo. Haveria hoje uma centena de pacientes se beneficiando de dois implantes cocleares, sendo a metade crianças pequenas. Esse número aumentaria mais rapidamente se não houvesse esse impedimento da ANS para não obrigar a cobertura de segundo implante pelos planos de saúde era permitir a cirurgia para mais pessoas, já que o ganho propiciado pelo segundo dispositivo não alcança o do primeiro e que, segundo a agência, o custo não seria compensado.
Esse custo para é de R$ 45.000 para o SUS, que ainda realiza 80% das cirurgias, e de R$ 65.000 para os planos de saúde.

IMPLANTES COCLEARES PARA TRATAR A DOENÇA DE MÉNIERE

Pela primeira vez, um paciente da Universidade de Washinghton, nos Estados Unidos, foi implantado com um dispositivo cujo objetivo é amenizar as vertigens invalidantes da Doença de Méniere. Os médicos da equipe desenvolveram um implante que traz esperança para o tratamento da doença. Uma dezena de pacientes deverá ser implantada com fins de pesquisa.

sábado, 4 de junho de 2011

PROCESSAMENTO AUDITIVO

Todos sabemos que no universo infantil é comum nos depararmos com situações várias de dificuldades por parte da criança de se adaptar ao ambiente social. Entre estas dificuldades estão: desatenção ou atenção curta, distração, distração fácil com sons, dificuldade de compreender em local ruidoso, incômodo aos sons altos ou a ruídos de fundo; pedem repetição de informação; problemas para lembrar de coisas que aprenderam auditivamente; problemas de fala; ouvem mais não entendem, só ouvem quando querem; baixo rendimento escolar; dificuldade de compreender palavras de duplo sentido; problemas de linguagem expressiva, dificuldade de compreender o que lê, disgrafia ou também inversão de letras, desajuste social (agitado ou muito quieto chegando ao isolamento). Auditivamente, apresenta resposta inconsistentes ao som (dificuldades de responder corretamente ao exames audiométrico), alteração na localização da fonte sonora, inabilidade de focar, discriminar, reconhecer ou compreender informações auditivas.

Muitas vezes a criança apresenta tais dificuldades, não por "burrice" ou "falta de interesse para com as coisas ou pessoas", mas sim por apresentar um distúrbio chamado de alteração do processamento auditivo central.

Os processamentos auditivos centrais, são processos que necessitam de um bom funcionamento das estruturas do sistema nervoso central. Um simples distúrbio leva a criança a não conseguir interpretar o som, já que essa interpretação depende das habilidades auditivas organizadas e estruturadas. Estas etapas são: detecção do som, discriminação do som, reconhecimento, localização da fonte sonora e compreensão do som. Todos ligados às funções cerebrais, como: atenção e memória.

A avaliação audiológica convencional (audiometria tonal, vocal, inteligibilidade e imitanciometria) avalia em termos de capacidade auditiva a detecção e transmissão do som. Já a avaliação do processamento auditivo central, analisa eventos acústicos quanto a localização sonora, figura-fundo, memória seqüencial, processamento temporal, fechamento... que são processos realizados mais profundamente, "no caminho do som até o córtex auditivo".

A privação sensorial (falta de experiência acústica no meio ambiente) pode gerar uma imaturação das estruturas do sistema nervoso central, alterações neurológicas (doenças neurodegenerativas, alterações causadas por anoxia), problemas congênitos (infecções congênitas: rubéola, sífilis, citomegalovírus, herpes e toxoplasmose), peso de nascimento inferior a 1.500g, alcoolismo materno ou uso de drogas psicotrópicas na gestação, permanência em incubadora, perda auditiva condutiva (a freqüência da otite leva a uma falta de consistência de estimulação, leva a distorção da mensagem e prejuízo do desenvolvimento da audição, da fala e da linguagem) e perda auditiva neurossensorial nos primeiros anos de vida. São fatores de risco para gerar uma alteração do processamento auditivo central. 
A avaliação do processamento auditivo central geralmente vai orientar a terapia fonoaudiológica e ao neurologista quanto a área (habilidade auditiva) alterada, para que seja realizado o mais breve possível a melhor conduta clínica. 
As indicações para avaliar o processamento auditivo central, são:

 
1) limiares tonais normais 
2) Queixa de dificuldade de compreensão 
3) Suspeita de disfunção do processamento auditivo central 
Em pacientes adultos: 
1) Paciente que se queixa de problemas auditivos, mas os resultados da bateria audiométrica básica são normais. 
2) pacientes com 65 anos ou mais e queixa de dificuldade para ouvir na presença de ruídos de fundo, sendo sua audição razoavelmente boa para freqüências altas. 3) História de disfunção ou doença neurológica. 
4) AVC hemorrágico ou isquêmico. 
5) Traumatismo craniano. 
6) meningite. 
7) hidrocefalia. 
8) Doença de Alzheime 
9) Alcoolismo crônico. 
10) Doenças desmielinizantes.

Nas crianças normais as habilidades envolvidas no processamento auditivo central desenvolvem-se em paralelo ou em relações recíprocas com habilidades de linguagem (Keith,1988).

Alterações leves e moderadas do processamento auditivo central podem ser compensadas desde que haja boa interação entre pais e crianças e condições de escuta favoráveis no ambiente físico em que a criança está inserida no momento do seu aprendizado e desenvolvimento da linguagem. As alterações também podem ser tratadas terapeuticamente através de exercícios fonoaudiológicos.

As alterações estão relacionados com as estruturas do processamento responsável pela atividade central. Estas estruturas são: tronco encefálico, vias sub-corticais, córtex auditivo, lobo temporal e corpo caloso.

A integração das informações sensoriais auditivas com outras não auditivas é o occipital, parietal e frontal.

Mais especificamente, o complexo olivar superior e o córtex auditivo são estruturas do sistema nervoso central responsáveis pela localização sonora. A responsável pela atenção ao som é o colículo inferior e pela memória para sons em seqüência e discriminação de padrões temporais é o córtex. 
A orientação que pode-se dar aos pais e professores de crianças com DPAC é para que usem estratégias verbais como repetição, fazerem uso de palavra-chave, usar pausas entre outras.

As sugestões para terapia fonoaudiológica para uma DPAC é consciência fonológica com apoio da leitura, análise e síntese fonêmica, compreensão de linguagem e memória seqüencial para sons verbais e não verbais.

No momento é possível apenas realizar uma triagem do processamento auditivo central dando o resultado de que será necessário uma testagem do processamento ou um resultado de acertos em todos os testes da triagem. Para a realizarão da avaliação (testagem) se faz necessário equipamentos apropriados.